Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – Final
Parte 4 – Reforma inclusiva: do arrependimento à reconstrução As perguntas finais nos empurram para um confronto inadiável. Não se trata mais apenas de olhar para o que não foi feito, mas de encarar o que precisa nascer. Porque se a igreja não se repensar, ela não apenas falha com os irmãos e irmãs com deficiência – ela trai o próprio Cristo, que continua sendo crucificado nos corpos marginalizados e esquecidos. Eis as últimas perguntas: Leia também: Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 3 I. O Cristo impedido de entrar A pergunta número 10 não é retórica. É dolorosamente real. Se o próprio Cristo – encarnado hoje num corpo…
Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 3
Parte 3 – Silêncios cúmplices, discipulados rasos e o corpo invisível Se as primeiras duas partes trataram da teologia e da estrutura, essa terceira se volta à práxis discipular e pastoral. São perguntas desconcertantes porque nos expõem não só como igreja, mas como discípulos. Elas nos fazem olhar no espelho e nos perguntam: que tipo de corpo é esse que chamamos de Corpo de Cristo, mas que vive ignorando partes feridas, silenciadas, não desenvolvidas? Eis as perguntas: Leia também: Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 2 I. O silêncio cúmplice: quando a omissão se torna pecado Poucas igrejas têm coragem de ser proféticas quando o assunto é deficiência. A…
Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 2
Parte 2 – O lugar da presença: entre acessibilidade e espiritualidade Se a primeira parte deste estudo foi um grito contra uma teologia disfarçadamente capacitista, esta segunda parte é um apelo mais prático, porém não menos profundo. Aqui, a pergunta muda de foco: ela sai do campo da teologia abstrata e entra no chão da igreja local. Ela nos empurra para o campo da arquitetura, da liturgia, da cultura comunitária. E se queremos ser sinceros com o Cristo encarnado, precisamos encarnar também a escuta e a acessibilidade. As perguntas agora são: Leia também: Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 1 I. A arquitetura da exclusão Vivemos em tempos em…
Igreja, Deficiência e o Grito Silenciado – 1
Parte 1 – O Deus que vê: perguntas que esquecemos de fazer Há um silêncio nas igrejas. Um silêncio que ecoa mais alto do que o som dos instrumentos, mais denso do que a mais fervorosa oração. É o silêncio que envolve as vidas de pessoas com deficiência que frequentam (ou foram afastadas de) nossas comunidades cristãs. Um silêncio produzido não pela ausência de palavras, mas pela ausência de escuta. Não pela falta de ações, mas pela falta de presença real. E talvez a melhor forma de romper esse silêncio seja começar com três perguntas incômodas, mas urgentemente necessárias: I. O problema é o olhar: deficiência como “pecado disfarçado” Ainda…
A Lógica do Lucro: Trabalhar até quebrar
Vivemos em uma era em que o valor humano é medido por métricas de desempenho e lucro. No cenário capitalista globalizado, empresas operam sob a lógica brutal da produtividade: quem rende é mantido, quem não rende é descartado. É o corte frio da eficiência. Recentemente, demissões em massa têm acontecido não apenas no Brasil, mas em várias partes do mundo. E não por falta de recursos — mas porque o sistema exige constante crescimento, mesmo que esse crescimento destrua pessoas no processo. Leia também: A Simplicidade Esquecida da Identidade Cristã Poderíamos tentar suavizar essa lógica com alguma analogia bíblica — como a da videira e dos ramos em João 15…
O Peso do Fazer e o Esquecimento do Ser
Acordamos com pressa, dormimos com culpa. O tempo, esse senhor inflexível, nos arrasta como se fosse dono da nossa alma. Vivemos entre planilhas e postagens, entre tarefas e metas, entre agendas lotadas e cafés apressados. A vida, dizem, é movimento. Mas que tipo de movimento é esse que não nos permite parar? Leia também: A Medida do Fazer: Crítica e Complementaridade Na modernidade, a essência da vida foi sequestrada pelo fazer. Tudo gira em torno do produzir. Produzimos conteúdo, resultados, filhos, festas, memórias instantâneas — e esquecemos que viver não é uma função executiva. Tornamo-nos engrenagens bem lubrificadas de uma máquina que nunca para. O sistema nos sorri com dentes…